quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Num dia de chuva e vento

Se o vento tivesse soprado mais fraco, o guarda-chuva não teria voado em direcção a ele; Ela não teria corrido atrás dele e não tera pedido "desculpa"; Ele não teria rido e proposto que ela o acompanhasse no seu guarda-chuva, porque o dela não se teria estragado.
Não teriam parado num café, para esperar que a chuva parasse ou acalmasse; os óculos dele não teriam embaciado; Ela não teria inventado conversa da treta para justificar o embaraço; Ele não lhe teria perguntado o nome; Ela não saberia o dele. Os números não teriam sido trocados.
Nenhum dos dois telefonaria ao outro e tudo estaria na mesma.
Tivesse o vento soprado mais fraco e ele sairia de casa no exacto momento em que ela saia da loja onde trabalhava...E talvez, talvez, Ele e Ela ter-se-iam encontrado no exacto momento em que o vento ficaria forte e um guarda-chuva os fizesse chocar.
Mas o vento soprou forte e ele ficou em casa e ela colou-se á porta de vidro da loja, os dois á espera que a chuva e a ventania acalmassem.
E o sonho não deu lugar à realidade.

sábado, fevereiro 03, 2007

Hoje digo nada

Hoje é mais um dia em que não me apetece dizer nada. Mais um dia em que a folha em branco não tem tinta que se lhe cole, que fique ali, a parecer eterna... Hoje é mais um dia em que decidi teclar palavras e mesmo assim as palavras ficam-se sem fio condutor, sem história para contar... ficam-se pela intenção, nem a murmúrio se assemelham... são palavras que ficam vazias, porque não foram antes escritas em folha de papel. Ficaram sem a marca da minha mão no seu desenho, sem o cheiro das folhas, sem a cor da tinta. Estão assim, dispostas em frases que se repetem e que querem dizer apenas:
Hoje é mais um dia em que eu não consegui escrever, porque me parece que fiquei sem saber o que dizer.