domingo, junho 24, 2007

Até Já

Um dia, ela olhou para o papel e percebeu que estava branco e que quanto mais olhava maior era a brancura e mais cheio o papel parecia estar.
Um dia, ela olhou para o papel e não o soube pintar. Não conseguiu escrever o alfabeto, não teve coragem de pintar o arco-íris, nem tentou desenhar a casa dos seus sonhos.
Ela olhou para o papel e percebeu que não podia fazer mais nada se não esperar...e esperou. Esperou que o tempo lhe trouxesse respostas e lhe soprasse palavras ao ouvido, esperou pelo sol da manhã para lhe iluminar o papel... Mas o vento não trouxe nada e o sol escondeu-se.
Ela ficou encostada na cadeira a olhar para o papel e de tanto que o olhou esqueceu-se o que deveria fazer com ele.
Puff! Zipp! Varreu-se tudo...
Agora está aos papéis, rodeada de folhas, palavras a negro, mas nenhuma desenhada pela sua mão, nenhuma de cor azul da esferografica...
Não se chora ela, lamenta não conseguir escrever como as senhoras e os senhores das letras vestidas a negro. E continua à espera de saber o que fazer com a folha de papel...antes que esgote.

Até Já.