sexta-feira, outubro 21, 2005

Faz-me sorrir...!

Dei dois passos em frente, devolveste-me três passos para trás. Eu mostrei-te o que queria, tu falavas e desviavas o assunto... Por não quereres? Por não acreditares? Eu insisti naquilo que desejava, insisti na verdade dos afectos e fiz-te sorrir -(Há quanto tempo não sorrias?)- mesmo assim refugiaste-te em palavras de resposta oca, de sentimento disfarçado. Levei-te a ver a lua; apontei-te as estrelas, os pontos brilhantes do céu, puxaste-me para junto de ti, em gestos próximos mas de abraços longes, não nos tocamos, mas segredavas-me sentimentos e vontades camufladas. Tu ficavas quando eu pensava em ir embora e então eu ficava contigo. Foi o jogo do gato e do rato. Eu não conseguia parar de te perseguir e sabia que escapavas sempre, tu fugias e sabias que eu te iria seguir. Coraste enquanto sorrias e refugiste o olhar numa estrela mais brilhante. Não te tentei beijar, mas tentei espelhar o meu lhar no teu!! Olhei, depois, o teu peito ofegante pelo nervosismo causado pela fuga do olhar; olhei os teus lábios e quis beija-los, mas não tentei e caiu também o meu olhar. Caiu direito ao chão e tu descolaste o olhar do céu...Sei-o porque esreitei, olhei para cima e fugi de novo. Sorriste mais uma vez, fingiste um desiquilibrio e agarraste o meu braço, trocamos meia dúzia de palavras gastas, cada vez mais ocas, mas agora eras tu quem perguntava e isso deixou-me feliz, tanto, tanto, que te respondi a cada pergunta com um sorriso no olhar e gargalhadas tontas, em folegos apressados e passos desajeitados. (Fizeste-me parar!) Parei! Olhei-te, não me beijaste, não te beijei, mas continuei a deseja-lo! Foste embora sem me dares respostas, deixaste apenas a sombra da vontade. Mas sabes que as histórias acabam? Não posso ser sempre eu a puxar por ti, a embalar-te com palavras sem sentido mas com sentimento. Quanto apostas em nós? Quando souberes vem ter comigo, agarra-me de novo o braço, segreda-me ao ouvido...como desejo que o faças!!!...Não compliques isto, o nós, os sentidos, os sentimentos. Não reprimas a vontade, não te reprimas.... Peço-te, faz-me sorrir...!

sábado, outubro 08, 2005

A mancha

A madeira era de um tom castanho escuro, mais escuro ainda por causa do verniz, mas ali, debaixo do tapete estava a mancha. A mancha de um tom castanho claro, sem verniz de tanto detergente, de tanto ser esfregada...
A sala era escura, apenas com um candeeiro cujo foco incidia no cadeirão que estava ao lado da mancha tapada pelo tapete...
Mas houve uma altura em que a mancha não existia, em que as cortinas se abriam e deixavam entrar a luz natural... Foi nessa altura, numa tarde de inverno, em que a chuva castigava os vidros e furava guarda-chuvas, que a mancha se formou.
O toque da água fria e forte a bater na janela, quebrava o silêncio do momento, o silêncio forçado pelo que tinha acontecido... Ali, caiu ela, postrada sob os joelhos, caindo como que em camara lenta, batento com a cabeça no chão...e tudo ganhou cor. Ganhou a cor do erro, da aventura incosnciente, do medo, do sofrimento...
Já não havia silência...havia ela, a mancha, o pedido de ajuda, a ajuda a chegar, ela morta, ela viva, ela morta numa morte que não era o fim, eles presos a uma morte de vida.
Não desligam a máquina, o peso de uma morte doi mais...
O tempo passa, a mancha fica...
Ela morta-viva, sem consciência do que lhe aconteceu, Eles vivos- mortos, com peso na consciência pelo que aconteceu.
Eles olham para Ela todos os dias e lembram-se que a estupidez humana não tem fim, Ela "estúpida" na vida, sem saber o que aconteceu, sem conseguir saber...sem ver a mancha que Eles todos os dias calcam...
A mancha está escondida, a consciência não... A mancha foi efeito da incosciência, surgiu na sofreguidão da consciência humana em querer apagar, em querer esquecer,porque não suporta a dor, porque não suporta a culpa...

O tempo passa...talvez a mancha seja de novo envernizada, talvez a madeira seja substituída... quem sabe talvez Ela acorde e liberte a consciência Deles.