segunda-feira, agosto 28, 2006

A heroína ferve em limão


Somewhere over the rainbow

Uma história feita em pó, uma história vivida dia-após-dia, em que o futuro é longe e o que lá vai lá vai.
Agora mais uma dose de adrenalina, respira-se com as forças que se vai tendo. Pelo caminho, ficam bens, mas ficam também as pessoas que se amam e que amam.
Mas o sabor do vento pode ser tão forte como as marés e assim como nos levam, num sopro também nos trazem e à espera está o que sempre esteve, a presença de um amparo nos braços, no colo, de quem nos traz a sopa à cama.
O mundo vê-se por um vidro azul, ténue, frágil, mas é o suficiente para não impedir que a cabeça sonhe mais do que aquilo que pensa... E o mal fica para si e só para si, porque a sensatez, a força, o sorriso, na altura certa estão lá para os outros - eles não têm culpa, eles nunca desistiram.
O egoísmo faz parte de quem é fruto do calor do mimo,( e no desenrolar da história, há quem sofra consequências exteriores à pele), mas não é intencional, é antes proveitoso... E depois tudo é esquecido, com a força perante o sofrimento, com a angústia e o olhar atento, preocupado, atencioso... e dá-se valor ao que nos une, aos laços de sangue, aos sentimentos que nunca se pensou serem tão fortes, e dá-se conta da importância, dá-se conta de um espaço que só pode ser preenchido por quem já o ocupa...
E isso é a razão pela qual, o livro de recortes, da nossa memória, nos assalta, nos faz sobressaltar o coração, quando pensamos "és tu que estás aí, és tu que és humano, és tu que sempre fizeste parte de mim...".
Nesta história, a heroína ferve em limão.
Mas a vida é assim, temperada com limão, ácida, faz-nos arrepiar, mas ao fim e ao cabo, só com limão se faz limonada...

quarta-feira, agosto 16, 2006

Mais um dia que nasceu


Peace vs War Música: Transatlanticism - Death Cab For Cutie

O sol nasceu como todos os dias nasce.
Abri os olhos
(nunca desisti de o fazer)
e senti o calor dos raios solares a baterem-me na cara, senti a brisa com cheiro do mar a levantar-me os cabelos, desgrenhados da noite de sono, inspirei o ar e senti-me vivo.
Atirei-me à àgua e limpei-me de todos os males, a minha pele ficou salgada ... saborei o momento e respirei a vida.
Não quis perder isto, o nascer, o renascer, da vida que foi feita para acabar: descobri que sou terra, água e ar.
E tudo estava perfeito, quando sangrei
(acordei)
e percebi que estava vivo, preso na realidade que homens importantes fizeram para mim.
A minha mãe abraçou-me e chorou comigo
(mais um dia em que teríamos que sobreviver).
Antes de sair de casa, armei-me, à volta da cintura, com uma faixa que pôs homens e mulheres, novos e velhos, os daqui e os de lá, a olharem para mim de olhos bem abertos...
não esperei que me entendessem, só quis que soubessem quem eu sou:
filho do Mundo, tão humano como tu, aquele e o outro.
E nunca estive tão perto do céu como nesse momento em que todos puderam ler:
"Eu mereço Paz".