quinta-feira, dezembro 28, 2006

Assim foi...assim é



Flying High

Deus não sabia no que se estava a meter quando criou Adão e Eva.
Pior, não soube poupá-los da maça ou então deu-lhes a árvore da sabedoria de propósito. Ninguém no seu juízo perfeito dava a chave de casa aos ladrões.
Alguém tem culpa que a Eva fosse esperta (apenas com uma costela imagine-se!) e que o Adão fosse um esfomeado de primeira que ao comer a maça com tal sofreguidão acabasse entalado com o caroço...? (- já na altura se comprovou a inteligência feminina - ora, quem é que fez ao Adão os primeiros socorros? A manobra de heimlich?
pois é, pois é...)
Agora é isto, há mais do que um Adão, duas vezes mais há Evas e maças é o que não falta - "frutinha nacional ou estrangeira" - todos comem.
Dizem que a serpente é que provocou isto tudo. (Diga-se que a inteligência divina tem destas coisas, dar QI superior à serpente pfff!) Eu cá não sei, não falo muito com as descendentes e não sei de ninguém que o faça - ainda que alguns as encantem ao som da flauta (não deveria ser o contrário?! hum..).
Seja. Se calhar somos todos descendentes da serpente, do Adão e da Eva. Como não sei, mas ao que vejo por cá parece-me razoável a ideia... ou não?
E depois, alguém me explica que ideia é aquela da folhinha a tapar os orgãos genitais?
primeiro, a folha segura-se como?
segundo, o pecado não mora na cabeça?
terceiro, o que é mesmo o pecado?
quarto, não foi Jesus quem disse: "crescei e multiplicai-vos"? - não respondam a esta, esqueci-me que isso foi depois do mal estar feito... 'pera lá, não estava nada, Maria era Virgem...
Bem, não interessa, isto de chegar ao inicio do principio do primeiro homem, poe-me um tanto ao quanto tonta... e de repente, vejo o Jardim do Edén como um imenso palco, enfeitado de árvores de frutos maduros, animais calminhos, apenas e só o piar dos passarinhos e dois fantoches lindos com folhas penduradas...
"cof!cof!"
pronto Adão, tinhas que te entalar...

domingo, dezembro 24, 2006

Natal

Porque é Natal, decidi ceder este espaço. Outras leituras pderão vir a ser feitas assim...
E agora, a crónica natalicia:


The Legendary Tiger Man - Fuck Christmas I Got The Blues

The Legendary Tiger Man - Fuck Christmas I Got The Blues

Deus tem só uma medida a tomar com esta humanidade inútil: afogá-la num dilúvio. Mas afogá-la toda, sem repetir a fatal indulgência que o levou a poupar Noé; se não fosse o egoísmo senil desse patriarca borracho, que queria continuar a viver, para continuar a beber, nós hoje gozaríamos a felicidade inefável de não sermos...
(Eça de Queiroz)

Como é que hoje em dia as pessoas encaram a época natalícia? Será mais uma época meramente consumista ou será que ainda há alguém que tem alegria a montar e a decorar árvores de natal?
Estou em querer que esta geração perdeu o espírito natalício, não sei se poderei dizer que o perdeu, porque na verdade, acho que nunca soube sequer o que é, porque a única importância que é dada ao natal é, a troca de prendas e os jantares em família/amigos, ou seja, uma época de puro consumismo.
Embora haja para quem a vida sem esta época fosse algo de muito triste, e que fazem tudo, para contagiar os que estão a sua volta com esse espírito, a verdade é que valores (económicos) mais altos se levantam, e o que importa é a aparência, quem tem coragem de chegar, e dizer: - a minha prenda é a minha companhia... é certo que talvez não gostassem, (mas o natal não deveria ser uma quadra de amor, solidariedade? - pois é, esse deveria ser o espirito do natal).
Realmente talvez seja muito mais interessante se for uma época de consumismo, (porque o amor e a solidariedade são gesto que deveremos manter diariamente ao longo da nossa vida) assim pelo menos, sempre contribuímos, de alguma forma, para um melhoramento da economia, com o velho ciclo vicioso; - oferecer prendas – aumento de stress – umas prendinhas para nós mesmos, (só para aliviar o stress) – e/ou o velho xanax.
E jantar com a família e amigos não deve ser um acto constante? Os meus são.
Confesso que ainda consigo conceber que se mantenha e emane o espirito natalício para as crianças, é bom olhar para a felicidade de uma criança, sinceramente traz-me muita alegria, mas algo que me irrita profundamente é ver os portugueses absorvidos pelo espirito natalício e esquecendo-se da mais básica regra de educação, que diz: - quando alguém nos segura na porta deveremos retribuir com o mesmo gesto e agradecer – mas infelizmente é que nesta quadra, a tendência generalizada, é a esse simples gesto, agradecer desejando um feliz natal, fazendo dos outros seus porteiros. É horripilante toda esta falta de respeito e civismo, numa quadra em que os mandamentos básicos, apelam ao amor, respeito, tolerância, compreensão, humanismo, etc., é inconcebível ver carros parados em cima de passeios, em segunda e terceira fila porque alguém tem que comprar algo de ultima hora, mas esqueceu-se que o mundo não é só dele.
Vou-me perdendo em criticas e considerações natalícias, esquecendo-me tão facilmente da realidade, não tenho culpa de olhar sempre o mundo de cima para baixo, esquecendo-me que a vigia é individual, cada um tem obrigação de olhar por si e fazer a sua cota parte para um mundo melhor, não posso aceitar as desculpa desses afortunados que nunca reparam nas suas qualidades e se encolhem, porque não se aceitam a si próprios, chegou a altura de olharem para si mesmo, bem lá de cima sentados numa nuvem se for preciso, e abrirem-se ao mundo, e não se deixarem ficar pelas boas intenções.
O objectivo era dissertar sobre o natal, mas são tantas as teclas do teclado e com tantas letras, e os meus dois neurónios que não conseguem ficar parados, por uma ideia mais de uns segundos que ... sabem como é.

Roger

sábado, dezembro 16, 2006

Vampiros


The Doors - people are strange


Conduziram pela longa estrada, ora um ora outro, sempre durante a noite.
Quando decidiram partir, consumiram os primeiros raios de sol daquele dia e depois trancaram-se nas quatro paredes a que chamam casa e esperaram pela lua.
Assumiram-se vampiros quando os trataram por noctívagos. E isto foi no primeiro dia. No segundo dia de viagem, estavam já longe dos primeiros olhos assombrados que os ouviram dizer tal coisa.
A estrada levava-os algures, mas sem destino; não tinham mapas, guiavam-se por radar como os morcegos.
Encontraram, a certa altura, uma gruta, escura, húmida... era a gruta certa à qual , eles, chamaram lar.
A qualquer um fazia parar a respiração e provocava tal temor que o mais provável seria fugir, mas a eles o arrepio que dava era de boas-vindas, era algo que fazia tremer o estômago numa tal adrenalina que lhes provocava um sorriso nervoso.
Instalaram-se na gruta, despojados de tudo o que era material: tiraram as roupas e deitaram-se apenas com uma manta polar, daquelas que aquecem só de se lhes tocar e adormeceram com o raiar do dia, num abraço tão apertado que só poderia ser força de corações de quem ama.
Viveram assim, consumiam-se, bebendo o sangue um ao outro, aproveitando gotas de chuva e raízes da terra.
As noites foram sempre dias, iluminadas pela lua, com ou sem luar. Os banhos eram tomados no rio, longe dos olhares, longe das vozes, longe das almas putridas que são os humanos perdidos no humús desde a criação...
Ficaram mudos. Comunicavam por telepatia e gemidos de prazer, de tristeza, de dor, do que fosse... a vida era só deles, apenas e só porque a partilhavam com quem amavam.
Anos mais tarde, abandonaram os corpos. Corpos,que foram encontrados por bípedes (como eu e tu que me lês), já transformados em pó - eram cinzas de vampiros - que voaram pela última vez, à noite, quando ao serem retiradas da gruta (por descuido de quem o fez) foram sopradas pelo vento que, nessa noite, curiosamente nem uma agulha fazia bulir...

domingo, dezembro 03, 2006

A vizinha sou eu



Bob Dylan- Emotionally Yours

E pela primeira vez, em toda a minha existência, senti que estava a viver a vida de outra pessoa.
Não tomes isto pela negativa, pelo contrário.
Sabes quando dizem "a galinha da vizinha é melhor do que a minha"?
Pois bem, senti que a vizinha era eu.
Esta vida de outro que afinal é minha, parece ter anjos a descer do céu todas as noites e os dias parecem não ter frio ou calor só cor, muita, tanta que me faz pensar estar num sonho, daqueles tão reais que ao acordar nem distinguimos o que aconteceu na realidade...
E se eu não soubesse que isto se deve a ti, aos teus abraços que me fazem sentir em casa, diria que estava louca...
...louca por viver a vida de outro.