sexta-feira, julho 29, 2005

Abandonei-me

Há quatro paredes que me guardam no seu interior.
Não tenho janela para ver o que se passa do lado de fora, para que entre luz.
Fechei-me aqui dentro porque desisti.
A chave? Pu-la no lado oposto daquele onde me sento.
Não reflecti sobre o que fiz, não olhei para trás, para o tempo que tinha passado.
Durante algum tempo bateram-me À porta, primeiro muitos, depois menos e agora só tu. Mas em nenhuma altura eu respondi ou procurei a chave.
Com o tempo deixei de ver por causa da escuridão, deixei de falar, porque não queria responder, deixei de ouvir, porque desistiram de vir ter comigo.
Tu, meu amigo, continuaste... sei-o porque te sinto, agora, a agarrar-me, a puxar-me, mas o meu corpo fraqueja e parte-se, partiu-se o meu corpo!, fiquei em pedaços, estou em pedaços!, nos teus braços. Também fraquejas porque não aguentas a emoção, fraquejas porque julgas ter chegado tarde...deixas-me cair!
O meu corpo vai sair deste quarto, mas eu jamais voltarei a entrar nele, nunca o cheguei a destruir, nunca mais sairei dele...e tu terás isso na memória.
Desculpa...mas morri.

quinta-feira, julho 21, 2005

O último dia da minha vida

Este texto foi escrito a pensar no comentário feito pelo marcelo, deixado no meu último texto. Espero ter correspondido ao que esperavas...ou pelo menos: espero que gostes!!! :)

Morro.
Não estou sozinho. Tenho dois guardiões ao meu lado, os meus filhos. Sinto o olhar deles, triste mas quente, meigo, presente; no entanto sei que estou a morrer e não me sinto confortável com a situação; não me sinto embalado, ainda que não esteja em sofrimento fisico, sinto-me acarinhado mas não feliz ou contente.
Um frio percorre-me da espinha das costas até ao pescoço e pareceque me estou a desligar, primeiro os pés, depois as pernas ficamdormentes e deixo de as sentir, logo a seguir o tronco, já não consigo falar, deixo de respirar, de ver, de sentir, mas ouço. Ouço o soluço da minha filha, o choro do meu filho, mas o som é cada vez mais longinquo.
Sinto um aperto no coração...que já não bate, apetece-me chorar as lágrimas que já não tenho.
E agora esou leve, não penso no que deixei, parto...para onde? Não sei...
Continuo aqui, perto de quem me amou, de quem me ama, e de quem amo ainda,
estou no seu coração e na sua memoria. Estou aqui...
Onde?
Isso já é outra história...

quarta-feira, julho 13, 2005

Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!

Sentia-me tão quente, embalado, protegido, amado.
Estava ligado a alguém, era alimentado, mostrava-me em reacções fisicas, acalmava-me quando me tocava.
O espaço era meu, no entanto parecia ser partilhado, temporário, breve... Cresci,formei-me e o espaço parecia ser já pequeno, sem no entanto deixar de ser acolhedor, sem deixar de me ser querido, amava.
Ansiedade, sentia-me ansioso por uma chegada, por um momento, uma altura...no mesmo lugar, para mim.
Fui empurrado, puxado...sofri,"não quero", lutei contra algo que não queria...
Senti-me sufocado, preso, frio, desprotegido, abandonado...só!
Levaram-me, afastaram-me, algo entra nos meus pulmões...libertei o sufoco que senti naqueles minutos...
Voltaram a trazer-me...
Senti-me quente, protegido, embalado, amado...acompanhado!
Nasci e ela disse-me "Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!" e eu deixei de chorar...

sábado, julho 09, 2005

Pessoas a mais

- Porque gritas aos meus ouvidos? Porque não desapareces?!
- Chamo-te, faço-me ouvir, porque precisas de mim. Sempre que me vou embora pedes para que fique...
- Desaparece! Sai! Deixa-me só... comigo!
- Só?! Mas só já tu estás... Olha à tua volta. Quem vês junto a ti? Olha-te ao espelho, quantas imagens vês reflectidas?
- Vejo duas! Eu e tu.
- Mas eu não estou reflectido no espelho, não posso estar...por isso te grito, por não sair da tua cabeça!
- Não te preocupes, um dia tudo isto acaba...sou mortal!
- E queres que eu seja imortal, pelo menos até me tornar mortal: aquando a tua morte!
- Quero que morras já!!
- Queres que eu morra contigo!
...
- Só te tenho a ti.
- Pensas que me tens, não sou amizade para ninguém, muito menos para ti que não me largas.
- Porque me falas assim?
- Porque...te odeio, apenas porque te odeias.
...
- Afinal vais embora ou ficas?
- Vai depender de ti. Se tomares o comprimido vermelho vou embora...

sexta-feira, julho 01, 2005

Noites de Empanturramento

As noites têm uma carga positiva em nós. Gostamos do silêncio e da cor da noite e de conversar pela madrugada dentro.
Gostamos de nos sentar na cama e falar sobre o que nos faz sentir felizes ou tristes; o que nos faz sonhar ou manter acordados... desabafamos e inventamos vidas no futuro - as nossas e as dos outros- e rimos, rimos muito como também choramos ou discutimos.
Estes serões que entram pela madrugada, são esporadicamente apelidados de "Noites de empanturramento". isto é, noites em que falamos como é costume, mas bem acompanhadas de iogurtes e cereais, de queijadinhas ou bolo de chocolate ou então de champanhe e morangos... e comemos até não aguentarmos mais ou cairmos de sono ou alguém ficar enjoado... aí paramos e cada uma ruma à sua cama e tem sonhos cor-de-rosa tal e qual algodão doce de morango.

Agora a dica para a noite ser mesmo boa: barra de chocolate devorada em três tempos, mas memso em três tempos, do genero encher a boca de quadradinhos de chocolate, e engoli-los mastigados e não derretidos...
Pronto, cada tolo com a sua mania...esta é a minha!
Ah! Eu prefiro chocolate negro, mas o de leite resulta na perfeição!!!

Qualquer efeito indesejado, consultar um nutricionista!!!