sábado, outubro 10, 2009

Saudade...

Saudades.
Tenho saudade de vos escrever e de vos ter a ler-me.
Sinto falta das palavras como sinto falta dos abraços e dos beijos.
Tenho falta dos tempos em que escrevia, porque tenho também saudades de quem eu era e saudades das pessoas que me diziam olá quase diariamente.
Será que me perdi?
As palavras são néctar e eu já não me alimento há muito tempo e que bom que era sentir as palavras aveludadas, com corpo vermelho paixão...
Quero-vos e quero-me.

O fim que ditei ontem foi o que me ditou até agora...

quarta-feira, agosto 08, 2007

Fim

Para tudo há um fim. O meu está aqui.

Até sempre.

segunda-feira, julho 23, 2007

Brinde a ti

- Foi numa noite assim que te perdi, mas recupero-te.
Bebo mais do que devo, mas só porque te traz de volta a mim.
Sinto de novo os teus abraços, os teus beijos, sinto a tua presença.
(Deixo de ver bem), mas vejo-te perto… o teu corpo aproxima-se e eu toco-te, sinto o teu perfume (é doce) e envolvo-me em ti.
É tão mais fácil depois deste copo de vinho…
Perco-me nas noites frias à lareira, perco-me nas noites de chuva e vento e vejo o que quero ser, sou o que quero ser, vejo-te e sou teu amante.
Turva-se o tempo, turva-se a tua imagem…Onde estás?
(Ouve, isto é loucura? Não estás mesmo aqui?)
Tudo roda, roda, roda… e acabo estendido no chão, despido de roupa, despido do teu corpo.
Eu juro que estava perto de ti… juro a mim, juro a ti, a todos …eu senti-te! Eu sei que senti!!
Não me neguem! Eu vi-a…
(Não estou louco, não estou! Se beber mais um copo, prometes que regressas?)
Isto não é demência, é amor, é saudade. Sou eu e tu juntos outra vez, sem esta morte que te roubou de mim, somos vida, somos um…
Voltaste!!
Voltas sempre para me dares o teu ombro para chorar. Choro porque não sei quando vais embora, por que te vais?
Tu e eu para sempre.
- Bebe um copo comigo e tem-me contigo mais esta vez…

domingo, junho 24, 2007

Até Já

Um dia, ela olhou para o papel e percebeu que estava branco e que quanto mais olhava maior era a brancura e mais cheio o papel parecia estar.
Um dia, ela olhou para o papel e não o soube pintar. Não conseguiu escrever o alfabeto, não teve coragem de pintar o arco-íris, nem tentou desenhar a casa dos seus sonhos.
Ela olhou para o papel e percebeu que não podia fazer mais nada se não esperar...e esperou. Esperou que o tempo lhe trouxesse respostas e lhe soprasse palavras ao ouvido, esperou pelo sol da manhã para lhe iluminar o papel... Mas o vento não trouxe nada e o sol escondeu-se.
Ela ficou encostada na cadeira a olhar para o papel e de tanto que o olhou esqueceu-se o que deveria fazer com ele.
Puff! Zipp! Varreu-se tudo...
Agora está aos papéis, rodeada de folhas, palavras a negro, mas nenhuma desenhada pela sua mão, nenhuma de cor azul da esferografica...
Não se chora ela, lamenta não conseguir escrever como as senhoras e os senhores das letras vestidas a negro. E continua à espera de saber o que fazer com a folha de papel...antes que esgote.

Até Já.

domingo, maio 27, 2007

Néctar dos deuses

Senti-me Deus.
E quis sentir-me Deus uma e outra vez, tantas que ao chegar ao fim desejei nunca ter experimentado algo tão bom.
O que me fez sentir dono do meu destino também me destruiu.
O tempo deixou de existir, a vida passou a ser desinteressante e passei a viver em função de ser Deus... e nunca o fui.

sábado, maio 05, 2007

Por detrás da porta azul...

No fundo da rua, depois de passares a casa que tem a porta vermelha, vais ver uma porta azul. É a minha (finalmente levo-te até ao meu canto). Tocas à campainha e se eu não te abrir a porta, levanta o vaso que está pousado junto ao tapete e verás lá uma chave. Abre a porta como se a casa fosse tua.
Se não ouvires barulho algum, senta-te no sofá da sala, há lá um telefone, por baixo dele estará uma carta.

Agora que abriste a carta:
Desculpa o caos, tentei organiza-la o melhor que pude.
Não vás ao andar de cima, deixa-te estar à espera, podes abrir o armário que está à tua esquerda e bebe o que te apetecer, bebe o que mais depressa te puser dormente, tonta, o que for… Lembra-te, não sabes o que se passa, mas estarás quase a sabe-lo… Desconfias o que seja?
Espera… deixa-me dizer-te umas coisas.
Por mais que eu te queira dizer olhos nos olhos que te amo, falta-me a coragem, há algo que me dá um nó na garganta, talvez porque nunca antes me tinha sentido amado, mas agora estou a dizer-to: amo-te.
Não tires esse sorriso da cara, mantém-te assim, és digna das mais lindas fotografias ou telas pintadas pelos melhores pintores…Adoro ver-te assim.
Vê por baixo da mesa que está ao teu lado, essa mesma, a que tem a perna partida (acho que inventei uma nova maneira de decorar casas. Se olhares para a parede atrás de ti, verás que a moldura que lá está, também está rachada), e tira de lá a caixa preta.
Já tiraste? Podes abrir…
Surpresa!!!
Consegui encontrar, é uma caixinha de música igual àquela que tinhas e que se estragou.
Não digas nada, eu sei que adoraste.
Estás contente?
Deves estar a anuir com a cabeça e a morder o lábio inferior pelo nervoso miudinho que te estou a causar…
Queres saber, porque te digo estas coisas? Porque és a pessoa que mais feliz me fez até hoje e que mesmo assim eu deixei pelo caminho. Abandonei-te nestes últimos tempos, não te respeitei como mereces e isto é também, e por isso, um pedido de desculpa.
Pensei muito antes de fazer isto, mas és a única pessoa que, eu sei, que daria pela minha falta se eu desaparecesse…não tenho, nem nunca tive mais ninguém. A minha vida cumpre-se sem a minha participação…
Não te assustes…antes de leres o resto, marca no telefone o 112 e dá-lhes a minha morada.
Por te amar tanto e não te querer fazer sofrer mais e porque não quero correr o risco de te perder para sempre e saber que a culpa é minha, faço agora a minha despedida, deixando em ti todo o meu amor.
Se lês isto agora, será porque morri.
Morri, porque me matei.

sexta-feira, abril 20, 2007

Hoje há saudade - dedicado ao meu Tio Manuel

Passei a porta, com todos os outros, e a casa estava vazia e mais gelada do que o costume.
Nada parecia do dia de hoje, tudo parecia de ontem, não me apercebi que o tempo tinha passado, muito menos de quanto tempo se tratava. Esperava que tudo voltasse ao normal do que era antes, não esperei que voltasse ao de outrora, mas quis crer que um beliscão ou a asa de um insecto me acordavam.
No entanto, num dia em que o sol iluminava e aquecia, em que se via cor e se queria vesti-la, vestimo-nos de negro para a despedida.
O calor colava-se ao negro e parecia entrar em cada poro do meu corpo. Mas ao contrário do esperado, sempre que levantava a cabeça, arrepiava-me. E foi só isto que senti, um arrepio imenso que não me fazia estremecer, sufocava-me e cortava-me o peito numa dor profunda, mas não mordaz; numa dor que se dilui com o tempo, mas só até certo ponto, porque se mantém para sempre e se repete de cada vez que houver um hoje que se deseje que seja ontem, porque nunca poderá chegar a um amanhã.

E no final de tudo, olho e vejo que…

…hoje, se sabe que houve tempo perdido em guerras e desaforos desnecessários.
Hoje há lamentos, lágrimas e nós na garganta; há palavras por dizer, há abraços por dar, há beijos por sentir.
Hoje chama-se menos um nome, ouve-se menos uma voz, há menos um lugar na mesa, há menos uma conversa que se tem…
Hoje há mais lembranças, há mais nostalgia, há mais vontade de pôr os ponteiros do relógio a andar para trás…
Hoje há saudade.

Como sempre, como dantes,
Beijo na testa



Music "the spirit carries on" by dream theater
Lyrics by john petrucci

Nicholas:
Where did we come from?
Why are we here?
Where do we go when we die?
What lies beyond
And what lay before?
Is anything certain in life?

They say, life is too short,
The here and the now
And youre only given one shot
But could there be more,
Have I lived before,
Or could this be all that weve got?

If I die tomorrow
Id be allright
Because I believe
That after were gone
The spirit carries on

I used to be frightened of dying
I used to think death was the end
But that was before
Im not scared anymore
I know that my soul will transcend

I may never find all the answers
I may never understand why
I may never prove
What I know to be true
But I know that I still have to try

If I die tomorrow
Id be allright
Because I believe
That after were gone
The spirit carries on

Victoria:
Move on, be brave
Dont weep at my grave
Because I am no longer here
But please never let
Your memory of me disappear

Nicholas:
Safe in the light that surrounds me
Free of the fear and the pain
My questioning mind
Has helped me to find
The meaning in my life again
Victorias real
I finally feel
At peace with the girl in my dreams
And now that Im here
Its perfectly clear
I found out what all of this means

If I die tomorrow
Id be allright
Because I believe
That after were gone
The spirit carries on

Hypnotherapist:
You are once again surrounded by a brilliant white light. allow the light to lead you away from your past and into this lifetime. as the light dissipates you will slowly fade back into conSness remembering all you have learned. when I tell you to open your eyes you will return to the present, feeling peaceful and refreshed. open your eyes, nicholas.

domingo, abril 01, 2007

Vemelho


Ele espreitava-a, à porta do quarto, enquanto ela se vestia. Admirava-a enquanto ela se pintava em frente ao espelho, primeiro o rímel preto que lhe alongava as pestanas e fazia com que os seus olhos verdes se tornassem maiores e brilhantes qual esmeraldas, soberbos, preciosos; depois pintava os lábios de vermelho - ela adorava o vermelho - e aquele toque do batom, suave, penetrante, nos lábios, faziam-no desejá-la apaixonadamente, queria sempre beijá-la, mas ela não deixava, estragaria todo o trabalho e tempo despendido a pintar-se.
Ele não pensava assim. Para ele, a cor dos lábios dela, depois de pintados, era uma tentação, uma forma de provocação, qual efeito para a abelha que procura o pólen. Mas ficava sempre a intenção, ela nunca cedeu ao desejo, talvez porque não o tivesse, talvez porque não quisesse ceder ao desejo dele...
Um dia, enquanto se pintava, ela cortou-se, com a tesoura com que cortava as unhas, deixou cair cinco gotas de sangue (ele contou-as uma a uma) sob o vestido que trazia e sugou a última que lhe pendia da ponta do dedo.
A ela, o incidente só trouxe trabalho, teve que pensar numa outra roupa e vestir-se nos últimos minutos que restavam para sair de casa para ir jantar- ela detestava atrasar-se, quando uma mesa tinha sido reservada. A ele, o incidente, fez acordar uma parte animal, selvagem, pura e genuína que guardava dentro de si.
Durante toda a noite, enquanto ela degustava o bife tártaro, ele pensava nas cinco gotas de sangue quente, de um vermelho puro e original de cor. E este devaneio fazia-o desejar-lhe o corpo, tomá-lo e a ideia foi reforçada quando um e outro copo de vinho tinto lhe fez - a ela- incendiar o rosto com rubor e ele percebeu que toda a aquela cor era vida, que o podia aquecer como nunca o tinha aquecido...
Chegados a casa, ele pediu-lhe que não tirasse o batom, pediu-lhe que se sentasse em frente ao espelho, ela ou o vinho, assentiu e ambos sorriram para a imagem reflectida. Mas entre beijos que foram dados, foi-se esbatendo o vermelho dos lábios e a cor morreu.
Ele não se importou com o sucedido, o desejo manteve-se, beijou-lhe o pescoço e sentiu a veia saliente a pulsar e num só golpe a cor voltou a invadi-lo e aí tornou-se sua, todo o calor dela foi para ele quando, ali mesmo, por cinco vezes lhe sugou o néctar. Sentiu-se pleno, saciado, eternamente ligado a ela como ela nunca deixou que fosse.
Enquanto ele se mantinha neste orgasmo mental, ela jazia no leito de ambos, envolvida no cor que lhe dava prazer...
Tão pouco sabia ela; tão pouco sabia ele, que era a cor de prazer para ambos.

domingo, março 11, 2007

O abismo

A última vez que olhei para o céu estava escuro, as estrelas eram muitas, tantas que me perdi a contá-las, não havia lza à volta, apenas a lua brilhava como prata. E eu , sozinho que estava, perdi-me a tactear o chão em que me sentei. Ao meu lado, a uns palmos de distância, encontrei uma laranja. Segurei-a com as duas mãos e ao olhar o infinito (que não se via, mas que eu imaginava) senti que a laranja era o meu mundo e por momentos senti que o tinha na mão e soube que enquanto a casca estivesse intacta também o meu mundo o estaria.
Mas o sumo da laranja atraiu-me, sentir o doce da fruta nas minhas pupilas gustativas, fez-me descascar a laranja. Gomo por gomo o mundo que eu tinha imaginado foi caíndo E assim que os gomos acabaram, que a fruta se foi e só ficou a casca..também eu decidi deixar o mundo e saltei; saltei para o fundo negro que me vigiava enquanto eu comia a peça de fruta. Olhei para cima e a casca caía atrás de mim, pareceu-me que tapou a lua e de repente a casca era de prata e a lua era laranja... O sol nasceu, quando o dia terminou para mim.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Num dia de chuva e vento

Se o vento tivesse soprado mais fraco, o guarda-chuva não teria voado em direcção a ele; Ela não teria corrido atrás dele e não tera pedido "desculpa"; Ele não teria rido e proposto que ela o acompanhasse no seu guarda-chuva, porque o dela não se teria estragado.
Não teriam parado num café, para esperar que a chuva parasse ou acalmasse; os óculos dele não teriam embaciado; Ela não teria inventado conversa da treta para justificar o embaraço; Ele não lhe teria perguntado o nome; Ela não saberia o dele. Os números não teriam sido trocados.
Nenhum dos dois telefonaria ao outro e tudo estaria na mesma.
Tivesse o vento soprado mais fraco e ele sairia de casa no exacto momento em que ela saia da loja onde trabalhava...E talvez, talvez, Ele e Ela ter-se-iam encontrado no exacto momento em que o vento ficaria forte e um guarda-chuva os fizesse chocar.
Mas o vento soprou forte e ele ficou em casa e ela colou-se á porta de vidro da loja, os dois á espera que a chuva e a ventania acalmassem.
E o sonho não deu lugar à realidade.