O escritor
"De tanto recompor-me
destruí-me,
De tanto pensar-me
sou já meus pensamentos,
Mas não eu." Fernando Pessoa in "Livro do Desassossego"
O escritor passava a vida a escrever histórias de amor.
Do Amor que ele tinha idealizado, mas que teimava em não aparecer ou porque ele não o procurava ou porque não encontrava por ser um sonhador. (E os sonhos são tão dificeis de viver...)
Gastava a tinta das canetas, muitas, tantas que já lhes tinha perdido a conta. Eram sempre iguais ou idênticas, de bico fino e tinta azul. Todas desenharam palavras, as mesmas, mas com disposição diferente. Algumas, muitas até, com sentido distinto, no fim, todas elas desenhavam palavras de amor eterno, de amor que se dava e se recebia incondicionalemnte, sem cedências, de um amor que existia, que era vivo e que por isso fazia viver...Palavras de almas tristes que se iluminavam com um olhar, um toque de mão, um toque de lábios...
Também os olhos do escritor se iluminavam nessas alturas e as palavras fluiam na folha branca, preenchendo aquela extensão de papel, aquela extensão de vida vivida ao ritmo das personagens.
Um dia, a tinta acabou. O escritor levantou-se, abriu a porta e nesse momento fez-se uma corrente de ar fazendo as folhas voarem janela fora. Corre o escritor para as apanhar, chega à rua e vê algumas no passeio, outras na estrada, apanha-as e guarda-as; as outras levou-as o vento para longe.
As palavras do escritor estavam à deriva e ele sentiu-se sozinho, sentiu-se louco por se sentir perdido; não conseguia imaginar alguém, outro alguém, a ler as suas palavras, alguém que não as sentisse como suas, alguém que não as chorasse, que não as agarrasse, alguém que não as vivesse, que não desse continuação à vida do amor escrito.
Morreu o escritor por amor que ninguém lhe deu e que não deu a alguém...
destruí-me,
De tanto pensar-me
sou já meus pensamentos,
Mas não eu." Fernando Pessoa in "Livro do Desassossego"
O escritor passava a vida a escrever histórias de amor.
Do Amor que ele tinha idealizado, mas que teimava em não aparecer ou porque ele não o procurava ou porque não encontrava por ser um sonhador. (E os sonhos são tão dificeis de viver...)
Gastava a tinta das canetas, muitas, tantas que já lhes tinha perdido a conta. Eram sempre iguais ou idênticas, de bico fino e tinta azul. Todas desenharam palavras, as mesmas, mas com disposição diferente. Algumas, muitas até, com sentido distinto, no fim, todas elas desenhavam palavras de amor eterno, de amor que se dava e se recebia incondicionalemnte, sem cedências, de um amor que existia, que era vivo e que por isso fazia viver...Palavras de almas tristes que se iluminavam com um olhar, um toque de mão, um toque de lábios...
Também os olhos do escritor se iluminavam nessas alturas e as palavras fluiam na folha branca, preenchendo aquela extensão de papel, aquela extensão de vida vivida ao ritmo das personagens.
Um dia, a tinta acabou. O escritor levantou-se, abriu a porta e nesse momento fez-se uma corrente de ar fazendo as folhas voarem janela fora. Corre o escritor para as apanhar, chega à rua e vê algumas no passeio, outras na estrada, apanha-as e guarda-as; as outras levou-as o vento para longe.
As palavras do escritor estavam à deriva e ele sentiu-se sozinho, sentiu-se louco por se sentir perdido; não conseguia imaginar alguém, outro alguém, a ler as suas palavras, alguém que não as sentisse como suas, alguém que não as chorasse, que não as agarrasse, alguém que não as vivesse, que não desse continuação à vida do amor escrito.
Morreu o escritor por amor que ninguém lhe deu e que não deu a alguém...