A heroína ferve em limão
Somewhere over the rainbow
Uma história feita em pó, uma história vivida dia-após-dia, em que o futuro é longe e o que lá vai lá vai.
Agora mais uma dose de adrenalina, respira-se com as forças que se vai tendo. Pelo caminho, ficam bens, mas ficam também as pessoas que se amam e que amam.
Mas o sabor do vento pode ser tão forte como as marés e assim como nos levam, num sopro também nos trazem e à espera está o que sempre esteve, a presença de um amparo nos braços, no colo, de quem nos traz a sopa à cama.
O mundo vê-se por um vidro azul, ténue, frágil, mas é o suficiente para não impedir que a cabeça sonhe mais do que aquilo que pensa... E o mal fica para si e só para si, porque a sensatez, a força, o sorriso, na altura certa estão lá para os outros - eles não têm culpa, eles nunca desistiram.
O egoísmo faz parte de quem é fruto do calor do mimo,( e no desenrolar da história, há quem sofra consequências exteriores à pele), mas não é intencional, é antes proveitoso... E depois tudo é esquecido, com a força perante o sofrimento, com a angústia e o olhar atento, preocupado, atencioso... e dá-se valor ao que nos une, aos laços de sangue, aos sentimentos que nunca se pensou serem tão fortes, e dá-se conta da importância, dá-se conta de um espaço que só pode ser preenchido por quem já o ocupa...
E isso é a razão pela qual, o livro de recortes, da nossa memória, nos assalta, nos faz sobressaltar o coração, quando pensamos "és tu que estás aí, és tu que és humano, és tu que sempre fizeste parte de mim...".
Nesta história, a heroína ferve em limão.
Mas a vida é assim, temperada com limão, ácida, faz-nos arrepiar, mas ao fim e ao cabo, só com limão se faz limonada...