sábado, novembro 05, 2005

Siameses

Nasceram no mesmo dia, separados por uns minutos, longos de dor e de gritos aflitos, desespero da mãe que os pariu. Cada um sentiu o sufoco da separação, cada um soltou o seu grito, também este de aflição, dorido e de desespero, mas também de vida.
Pai e Mãe, não os conheceram. Foram crianças abandonadas à nascença. Ficaram sozinhos, cada um com cada qual.
Viveram juntos, com outros como eles, abandonados, rejeitados, mal-amados; Cresceram como os outros, Ele e Ela, separados por minutos, mas brincavam juntos, comiam juntos, dormiam juntos. Estavam já grandes, continuavam juntos, comiam juntos dormiam juntos às escondidas dos outros, queriam-se e temiam-se, gemiam de prazer, juntavam corpos e almas, faziam o seu coração bater em uníssono.
Ele e Ela não conseguiram esconder, descobriram-lhes os corpos nus nos lençóis, amaldiçoaram-nos, repugnaram-nos, injuriaram-nos, separaram-nos... voltaram os gritos de dor, de desespero, de aflição...
Quiseram fugir juntos, tinham os peitos unidos, como que colados, eram “um”, mas não conseguiram...
Ele soube que Ela gritou muito mais do que Ele, gritos de dor e de amor, soube que o coração dos dois batia num só peito, era uma só alma; soube que arrancaram o filho, o irmão, dos braços dEla. Ela viu e sentiu.
Partiram um coração a meio, e deixaram-no num corpo frágil de uma criança, fruto do amor de dois abandonados à nascença pela mãe...

11 Comments:

Anonymous Anónimo said...

     †     É perfeitamente perceptível o porquê de não estares virada para o écran     †     d'outro modo a capacidade para escrever pequenas histórias como esta     †     que ora nos apresentas     †     ficaria presa nas malhas do tempo.     †     Mas atenção, isso digo eu, que como sabes [...] sou pirata.     †

     Ω  Beijocas e inté  Ω

domingo nov. 06, 12:06:00 da manhã 2005  
Blogger Drifter said...

Muito profundo...
Fico em silêncio a olhar o ecrã...

segunda nov. 07, 12:46:00 da manhã 2005  
Blogger Ana C. said...

realmente... deixas-nos em palavras...
obrigada por isso...

segunda nov. 07, 12:23:00 da tarde 2005  
Blogger Monique Mendes said...

Lindo...comovente...que mais dizer?'Nao faço ideia, prendes-me às tuas palavras como mais ninguem consegue!
..........simplesmente fantástico!
Beijao**

segunda nov. 07, 01:43:00 da tarde 2005  
Anonymous Anónimo said...

afinal sem nos darmos conta do quão sofrido é ser um, é tudo q todos nós procuramos... Lindo texto. ´Sinto-me feliz em poder lê-lo.

tomei a liberdade de colocar seu endereço em meu blog. serei visitante assídua. Abraço. Gerusa

quarta nov. 09, 12:26:00 da tarde 2005  
Anonymous Anónimo said...

Este texto é magnífico e fez-me recordar um livro de um do smeus autores de eleição: José Luís Peixoto. O livro intitula-se "Nenhum Olhar".
:)

quarta nov. 09, 12:52:00 da tarde 2005  
Blogger requiescatinpacem said...

Tenho muita pena, mas fiquei confuso!!!...

apesar disso, é um bonito "molho" de letras!!!


Kiss

sexta nov. 11, 11:25:00 da manhã 2005  
Blogger Nandita said...

ola miuda! belas palavras... hei-de ter tempo pa vir ca com mais calma. beijo, fica bem

sexta nov. 11, 10:18:00 da tarde 2005  
Blogger Andre_Ferreira said...

Vou mesmo que ter que ler este texto outra vez, há textos em que para mim a primeira impressão não chega, este é um deles.
Beijinhos

segunda nov. 14, 11:15:00 da manhã 2005  
Anonymous Anónimo said...

bem..e eu vim mais uma vez deixar um beijo rapido como sempre..acho k vou deixar de andar por aki..tenho andado a evitar mas vir aki e so deixar um jinho rapido sem nunca comentar nd tb n é la mt positivo.. :\ enfim..de kualker forma..aki fica o jinho :) **

segunda nov. 14, 07:19:00 da tarde 2005  
Anonymous Anónimo said...

     †     Para já, a constatação de não existir ainda o seguimento desta história.     †     Se é que tem continuação!!! Eu [...] como verdadeiro pirata, digo eu, continuava-a.     †     Depois e pegando no teu comentário     †     dizes que já viste a imagem duas vezes [...] especifica melhor.     †

     Ω  Beijocas e inté  Ω

sábado nov. 19, 11:24:00 da tarde 2005  

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