Nunca pensei que algo me magoasse tanto: a espera era aterradora.
"São 22h horas! Cama!" - dizia a mãe. E eu demorava a despedir-me dela... e ela nunca percebeu a razão pela qual eu dizia "Só mais um bocadinho..."
"Posso deixar a luz acesa?"
"Já não és nenhuma bebé... eu deixo a porta aberta."
... o monstro abriu a porta e entrou. Sabia que ninguém o iria impedir.
Os lençois não me protegeram, a voz não me ajudou - ele soube silenciar-me...o medo bloqueia.
E de repente, o monstro falou na língua dos monstros algo que me assustou muito, mas eu não entendi, não percebi o que ele ia fazer.
Decidi abrir os olhos, mas tive tanto medo do escuro que, decidi olhar o tecto e aquele negrume transformou-se em mar e em céu, fui barco à deriva e ave em liberdade, fundidos em espaço azul...tão calmo, tão tranquilo, até que o monstro soltou um grunhido e fez um movimento brusco que me arrancou do sonho...
... odeio o azul que de me penetrar me tornou cega.
E nessa altura, a dor tornou- se insuportavel.