Não há finais felizes
Anathema - one last goodbye
Quando Alberto atravessou a rua, vinha de olhos fixos na vitrina da pastelaria em frente. Ansiava sentir o aroma adocicado do café, e sentir o paladar do pau de canela com que mexeria o café.
Quando Alberto atravessou a rua, vinha a cantarolar para si a música com que tinha acordado nessa manhã, e num tom mais ou menos afinado, ia assobiando, tentando imitar a parte instrumental da canção.
Alberto atravessou a rua e acenou para alguém que estava à porta da frutaria, voltou-se para trás em reacção a um "bom dia" sonante.
O dia estava claro, o sol brilhava, mas o frio fazia-se sentir, o ar estava gelado e custava a entrar nos corpos quentes das gentes que andavam pelas ruas, que atravessavam estradas assim como Alberto.
E no entanto, este dia, esta manhã, era diferente, era alegre, parecia vivida em compasso lento, mas em que cada minuto, cada segundo era saboreado, como um bom café, que se bebe de olhos fechados(porque é impossível saborear sem compenetração)e se deixa escorregar pela garganta...
Não deviam passar das oito horas da manhã, quando o telemóvel tocou a risada do filhote (era o toque escolhido), e já Alberto estava no meio da estrada e enquanto atravessava a rua, Alberto inspirou três vezes, mas só expirou duas, a terceira ficou presa no peito quando atendeu o telemóvel e do outro lado da linha uma voz familiar lhe disse: "Papá, eles dizem que não há finais felizes..."
(continua)