sexta-feira, maio 27, 2005

Tu Mulher...

Quiseste controlar a tua vida, por um momento, decidi-la de forma radical...e conseguiste.

Dedicaste o teu tempo, o teu trabalho, a tua vontade, a tua vida aos outros. Julgaste-te imortal. Para ti a mort vinha longe, a vida tardava em se desvanecer e esqueceste-te de ti. Esqueceste a mulher que eras antes de seres mãe, esposa ou amante, companheira ou amiga, chefe ou empregada de alguém.
Cresceste a pensar que tinhas de fazer tudo; fizeste-te mulher a fazer de tudo, mas não tudo, porque não atendeste a ti, não cedeste ao teu prazer, aos momentos de contacto com o teu "eu".
Envelheceste a ver os outros crescerem, a tornarem-se homens e mulheres independentes e autonomos, algo que tu nunca foste...
Mas ias a tempo de acordar, de dares tempo a ti mesma, mas olhaste sob o teu ombro e viste que as pegadas que deixaste no caminho não eram profundas o suficiente, no fundo querias mais do que tiveste, do que fizeste, querias ter sido a heroína da tua própria vida, mas alimentaste a vida dos outros, "limitaste-te" a isso.

Só me lembro do teu corpo a baloiçar, pelo tremor do esticão, dos teus ohos revirados, das tuas mãos esticadas, hirtas, do teu pescoço marcado...do veho banco de madeira, que te dei, à tua beira, caído no chão.

Quiseste controlar a tua vida por um momento...e conseguiste?
Afinal, controlaste a vida ou a morte?

4 Comments:

Blogger mauro_mars said...

Acho k nem se controla a vida nem a morte...


Beijos

sexta mai. 27, 04:30:00 da tarde 2005  
Blogger Nandita said...

é engraçado como nos parece estúpido não podermos controlar a nossa vida... mas também nos parece estupido podermos decidir e decidirmos da nossa morte...
estas aparentes "contradiçoes" sao estranhas...

e fica um vazio por tudo o que essa mulher podia ter sido.


bj, nandita

sexta mai. 27, 09:59:00 da tarde 2005  
Blogger Andre_Ferreira said...

Há uma série de variáveis que defacto não controlamos, mas se levarmos a sério os nossos sonhos essas variáveis incontroláveis tendem ao desaparecimento...

domingo mai. 29, 06:01:00 da tarde 2005  
Anonymous Anónimo said...

Cada um escolhe a vida que quer ou, a que pode ter ou ainda, a que lhe permitem ter...

A morte, quem a pode escolher.

Belo texto, um sentimento profundo da Mulher e Mãe, que se vê envelhecer, dando tudo aquilo que tem aos outros...

Gostei da tua sensibilidade.

Abraço e bom fim de semana :-)

sábado jun. 04, 08:56:00 da manhã 2005  

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