O segredo
Ontem fui a uma jantarada em casa de um amigo, o Zé. Eu e outro amigo, nosso, dos dois, um amigo em comum, o JP.
Adoro estes jantares caseirinhos, em que estamos poucos, nesse jantar só três, em que comemos uma massa com carne picada e molho de tomate (é sempre a mesma ementa) e um bom vinho, (que é sempre da escolha dos convidados) que por sinal é tinto, suave, parece seda quando toca na lingua! Este jantar a três tornou-se um habito mensal, mas é sempre em casa do Zé,exigência dele~, ainda não percebi porque, mas eu até gosto, poupa-me o trabalho de ter que cozinhar e de lavar a louça, só ajudo a por a mesa!
O Zé pareceu-me tenso, perguntei-lhe o que tinha, mas não me quis responder! O JP também reparou, mas veio-me perguntar a mim o que tinha o Zé, como se eu soubesse tudo, fiquei irritada com toda a situação, o Zé em silêncio e o JP desconfiado de alguma coisa e a interrogar-me...
Pus a mesa, como é costume, e abri o vinho para respirar... logo de seguida estavam três copos cheios sob a mesa e num abrir e fechar de olhos ficaram vazios.
Jantamos...o Zé bebeu mais do que comeu, suponho que eu e o JP também, rimo-nos imenso, falamos de coisas inconfessaveis até aos deuses e rimo-nos muito...tanto, que tinah que segurar a barriga!
O copo caiu e partiu-se...durante a queda, a mão do Zé tenta apanhar o copo, falha...mas apanha cada caco com o máximo de cuidado..."Zé, dá cá a mão, cortaste-te..."
"Nem penses em tocar-me!!!" e fugiu de mim, deixando-me de olhos espantados, com o braço esticado, em jeito de quem estende uma toalha. O JP ficou sem reação...
O Zé regressa, senta-se no sofa, nós imitamos-lhe o gesto, e em surdina, sob o efeito do tinto, diz:
"shiuu! O que vos vou contar é um segredo meu há já dois anos, mas que não tenho coragem de dizer a mais ninguém. Não tenho coragem de dizer aos que me rodeiam que sou seropositivo".
Agora percebi porque quer que os jantares sejam feitos sempre em casa dele...tem medo de se cortar nos copos partidos.
Adoro estes jantares caseirinhos, em que estamos poucos, nesse jantar só três, em que comemos uma massa com carne picada e molho de tomate (é sempre a mesma ementa) e um bom vinho, (que é sempre da escolha dos convidados) que por sinal é tinto, suave, parece seda quando toca na lingua! Este jantar a três tornou-se um habito mensal, mas é sempre em casa do Zé,exigência dele~, ainda não percebi porque, mas eu até gosto, poupa-me o trabalho de ter que cozinhar e de lavar a louça, só ajudo a por a mesa!
O Zé pareceu-me tenso, perguntei-lhe o que tinha, mas não me quis responder! O JP também reparou, mas veio-me perguntar a mim o que tinha o Zé, como se eu soubesse tudo, fiquei irritada com toda a situação, o Zé em silêncio e o JP desconfiado de alguma coisa e a interrogar-me...
Pus a mesa, como é costume, e abri o vinho para respirar... logo de seguida estavam três copos cheios sob a mesa e num abrir e fechar de olhos ficaram vazios.
Jantamos...o Zé bebeu mais do que comeu, suponho que eu e o JP também, rimo-nos imenso, falamos de coisas inconfessaveis até aos deuses e rimo-nos muito...tanto, que tinah que segurar a barriga!
O copo caiu e partiu-se...durante a queda, a mão do Zé tenta apanhar o copo, falha...mas apanha cada caco com o máximo de cuidado..."Zé, dá cá a mão, cortaste-te..."
"Nem penses em tocar-me!!!" e fugiu de mim, deixando-me de olhos espantados, com o braço esticado, em jeito de quem estende uma toalha. O JP ficou sem reação...
O Zé regressa, senta-se no sofa, nós imitamos-lhe o gesto, e em surdina, sob o efeito do tinto, diz:
"shiuu! O que vos vou contar é um segredo meu há já dois anos, mas que não tenho coragem de dizer a mais ninguém. Não tenho coragem de dizer aos que me rodeiam que sou seropositivo".
Agora percebi porque quer que os jantares sejam feitos sempre em casa dele...tem medo de se cortar nos copos partidos.