Tinha eu 16 anos quando, na disciplina de religião e moral, foi organizada uma visita de estudo a um convento de clausura.
Sinceramente,só o nome já me assusta, mas a realidade da vida lá foi coisa que não entendi.
Para entrarmos no convento, foi-nos dada autorização via um intercomunicador de lá ouvia-se uma voz que arranhava o português e que parecia já tremer bastante,e que nos mandou encaminhar até A`sala ao lado.
Nessa sala estava uma dúzia de cadeiras, que não chegavam para os visitantes, todas elas encostadas à parede de côr branca. A sala estava dividida em dois por umas barras grossas da côr da parede, que permitiam ver do outro lado seis cadeiras.
Uma por uma, forma entrando as "irmãs" (como gostam de ser chamadas) que se sentaram cada uma em sua cadeira.
Cinco delas aparentavam ter mais de 60 anos e só uma teria os seus 30; quatro dessas cinco eram espanholas e as restantes portuguesas.
Ouvimos com atenção aquilo que fazim no seu dia-a-dia: levantar as 6h da manhã para rezar, depois tomavam o pequeno-almoço, cuidavam do jardim ou da horta e almoçavam, depois rezavam e fechavam-se nas celas (óptimo nome diga-se da passagem) para contemplarem a imagem de cristo, lerem a biblia e orarem; não jantavam e dormiam; isto para não falar nas alturas de abstinência completa, em que não saiam das celas durante dias e em que a comida era passada por uma portinhola que havia em cada quarto! O que mais me impressionou foi o voto do silêncio que haviam feito e que ó quebravam em ocasiões importantes (nós fomos uma dessas ocasiões! ou teremos sido uma desculpa?).
No final, tivemso direito a questiona-las. Na sua maioria as perguntas resumiam-se a:
"porque veio para freira?";"deveu-se a algum desgosto amoroso?";"como sentiu o chamamento de cristo?"; "porque optou por viver em clausura?".
AS respostas resumiam-se a:
"porque deus me chamou!";"não!";"pela oração!"; "para poder contemplar deus como Ele merece!"
Achei muito esclarecedor e então interroguei:
-"As irmãs, vivem para a contemplação de deus; mas não era uma das vontades de deus, que os Homens de unissem e se ajudassem entre si?"
-"Calro que sim! E nós oramos por todos os Homens!"
-"(ah!oram por todos os Homens-pensei-'tamos salvos!) Então, as irmãs, na práctica, no dia-a-dia, não oferecem ajuda ao proximo!"
-"sim, oferecemos, quando nos batem à porta!"
-"então para estenderem a mão, alguém tem que lhes pedir que o façam?! Peço desculpa, mas estou a tenatr perceber: isso não é uma forma egoísta ou pouco altruista de se viver? principalmente para quem procura seguir os mandamentos de cristo, as leis de deus?!"
-"menina,nós rezamos...e ainda ontem vieram bater-nos a porta e nós demos um saco de alimentos"
(mas antes devem ter visto bem quem era,pelas inumeras cameras que monotorizavam o exterior do convento)
Calei-me, tinha os olhos do professor postos em mim, num olhar de "cala-te"; e os olhares dos meus colegas que pareciam dizer "não tens respeito nehum!"
No final, ofereceram-nos hóstias, não benzidas,porque doutra maneira seria pecado estarmos a come-las...eu fui a última a ir buscar.
Agradeci e as últimas palavras que ouvi foram:
-"reze menina, reze!"
Rezei, sim irmã, rezei, para que mais ninguém viva em clausura do contacto humano, da familia e amigos, do outro, do próximo...